quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Internação Compulsória

Fatos

   A última segunda-feira (21/01) marcou o início da colocação em prática do acordo entre autoridades de São Paulo que visa agilizar a internação forçada de usuários de crack em clínicas de desintoxicação. A ação divide opiniões de especialistas, que esperam que a ação não se revele apenas mais uma operação de repressão dos usuários, como já ocorreu no passado na Cracolândia – com o intuito aparente de  apenas retirar os usuários da ruas do centro da cidade, sem que fosse dado o devido tratamento ao dependentes. Segundo foi anunciado pelo governo do Estado de São Paulo na semana retrasada, hoje existem 700 leitos especializados para atender os dependentes químicos, a maioria em clínicas conveniadas. Além disso, foi divulgado que não haverá participação da PM no recolhimento das pessoas para tratamento, frisando-se que durante o processo serão seguidos todos os protocolos vigentes na área de saúde e na garantia dos direitos humanos e individuais dos usuários.
   A ação é baseada em um termo de cooperação técnica assinado pelo governo do Estado de São Paulo, Tribunal de Justiça, Ministério Público e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O acordo entre essas autoridades cria uma equipe integrada por médicos, assistentes sociais e juízes sediados no Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), no Parque da Luz, próximo a região da Cracolândia.
   Em um primeiro momento, os dependentes químicos serão levados ao Cratod para que seja realizada uma avaliação médica. Caso a equipe médica julgue necessária a internação e o usuário se recuse a submeter-se a ela, promotores entrarão com um pedido a um juiz de plantão para que este decida sobre uma internação compulsória. Atualmente, a lei brasileira prevê três tipos de internação: voluntária, involuntária (por determinação do médico e familiares, se o paciente não tiver condições de decidir) e compulsória (por decisão judicial). Se a decisão do juiz for favorável à internação, os dependentes de crack serão imediatamente levados, mesmo que contra sua vontade, para uma clínica especializada conveniada com o o governo. Todo o processo deve acontecer em poucas horas. Além dos casos de internação determinados pela justiça, os dependentes químicos que procurarem atendimento voluntariamente devem receber tratamento ambulatorial e ajuda de assistentes sociais.
   O primeiro dia de funcionamento do sistema de internação compulsória foi marcado pela falta de informações e por protestos  em frente à clínica destinada a receber os viciados e seus familiares, no centro da capital paulista. Durante as primeiras quatro horas de plantão jurídico no Cratod,  não houve nenhuma internação compulsória
   Os manifestantes reunidos no Cratod defendiam que, ao invés de focar a internações forçada, o governo concentre seus recursos na ampliação da rede de atendimento regular e ambulatorial a dependentes químicos, focando principalmente no atendimento noturno. O principal opositor à ação é o Padre Júlio Lancellotti, que defende moradores de rua e a população excluída de São Paulo.

Créditos: (Marcelo Camargo/ Agência Brasil)
Opinião

     Drogas como o crack, principal alvo dos combatentes do tráfico, agem de maneira tão forte e agressiva no organismo dos usuários que não permitem que eles entendam a gravidade de sua situação e o quanto seu comportamento pode ser nocivo para ele mesmo e para os outros. Seguindo essa premissa elaborou-se o sistema de agilização das internações compulsórias que entrou em vigor na última segunda-feira. Na prática a ideia é muito bonita: tirar das ruas os dependentes químicos e colocá-los em clínicas onde terão o devido tratamento e de onde sairão "curados". Entretanto, é preciso avaliar até que ponto esta solução proposta é viável. Se pararmos para refletir veremos que os viciados são somente a ponta de um complexo sistema, por isso tratá-los é só  uma medida paliativa.
   Antes de nos preocuparmos com os usuários é preciso que se tome alguma atitude para controlar a produção e o tráfico de entorpecentes. De nada adianta dar tratamento compulsório a uma pessoa que ao sair da internação terá novo contato com o universo das drogas, considerando-se os altos índices de reincidência registrados em nosso país. Com a diminuição da circulação de drogas diminuíssem, consequentemente, os usuários. O combate ao tráfico pode até ser mais complicado do que simplesmente recolher para as clínicas os dependentes, porém a longo prazo haveria uma significativa economias aos cofres públicos, uma vez que o número de viciados precisando de tratamento diminuiria muito.
   Quanto ao tratamento, a esperança é que não seja apenas mais uma medida higienista voltada,   principalmente, à região central da capital paulista. Uma alternativa à internação compulsória é o trabalho árduo com psicólogos para oferecer alternativas aos usuários, fazendo com que eles procurem as clínicas e ambulatórios voluntariamente. Devem ser levados em conta os aspectos psicológicos e trabalhada a ressocialização, que é um passo muito importante na recuperação destes dependentes. Nesse sentido, seria interessante que houvesse algum incentivo para que essas pessoas executassem algum tipo de trabalho e estudos, atividades que são de grande estímulo para a socialização e, além disso, significariam uma ocupação do tempo livre que normalmente seria utilizado para o uso de entorpecentes. 
   Também se faz necessário atentar para o apelo feito pela Organização Mundial de Saúde aos países para que abandonassem a política de internações compulsórias, uma vez que elas são conhecidas pela violação de direitos humanos que, em geral, acarretam e são pouco eficazes para a maior parte dos casos. O governo do Estado garantiu que haverá respeito aos direitos dos viciados, todavia é importante que os familiares e a sociedade como um todo ajudem na fiscalização destas ações, evitando que a violência seja usada nas abordagens.
   Retomando velhos clichês, o investimento na educação, que atualmente é escasso, também é um grande aliado no combate às drogas. Oferecendo-se um ensino público de qualidade à população, formamos mais profissionais qualificados e retiramos das ruas um grande contingente de crianças e adolescente que estão expostos ao tráfico. O déficit educacional é um velho conhecido do governo estadual, entretanto pouco foi feito para mudar esse cenário nas últimas décadas. Por enquanto, a expectativa é que o problema das drogas não siga pelo mesmo caminho da educação.

Internação compulsória para dependentes químicos cresce

Isabela R.

Informe-se

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Rio +20


Fato

Na próxima quarta-feira, inicia-se no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Rio +20 (por marcar os vinte anos da realização da Rio-92). O objetivo da realização da conferência é definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas, através da renovação do compromisso político assumido na Rio-92 e por meio da avaliação dos avanços e das falhas na implementação das decisões tomadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e da discussão de novo temas.
Os dois principais temas da Conferência são:
  • A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza;
  • A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
A Rio +20 será dividida em três momentos. Dos dias 13 a 15 de junho, será realizada a III Reunião do Comitê Preparatório, na qual os representantes de Estado negociarão os documentos a serem adotados na Conferência. Depois, entre os dias 16 e 19 de junho, se realizarão os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. Finalmente, dos dias 20 a 22, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Conferência, o qual reunirá diversos Chefes de Estado e de Governo dos países membros das Nações Unidas.
Os Estados-membros, representantes da sociedade civil e organizações internacionais tiveram até o dia 1º de novembro para enviar ao Secretariado da Conferência propostas por escrito. A partir dessas contribuições, o Secretariado preparará um texto-base para a Rio+20, chamado “zero draft” (“minuta zero” em inglês), o qual será negociado em reuniões ao longo do primeiro semestre de 2012.
Outros eventos paralelos e independentes também ocorrem na cidade durante esta semana, como é o caso do TEDxRio+20, que teve início no dia de hoje no Forte de Copacabana. Esta é a segunda edição do TEDxRio, que reúne pensamentos de diversas áreas para entender e analisar a influência do poder humano no planeta. A ideia por trás do evento é propor uma reflexão diferenciada sobre o desenvolvimento sustentável, através de manifestações de educação não-formal.
Segundo o próprio site do evento: "O TEDxRio+20 abre novas janelas de conhecimento, driblando a síndrome do pensamento único, ao compartilhar visões e discussões complementares à Conferência de Desenvolvimento Sustentável Rio+20, servindo de plataforma de conexão e, quem sabe, de início para um movimento de transformação social. Alguém duvida do poder que isso tem?".



Opinião

Apesar de a legislação ambiental brasileira ser uma das mais modernas do mundo, ainda há muito a ser feito em relação a este assunto. Por isso, iniciativas como a realização da Rio +20 e do TEDxRio+20 em nosso país é tão importante, levando em conta que estes painéis e ciclos de palestras suscitam discussões que, muito provavelmente, não ocorreriam.
Passados vinte anos desde a realização da Rio-92 (ou "Cúpula da Terra", como também ficou conhecida a Conferência daquele ano), muita coisa mudou no Brasil e no mundo. Nós assumimos uma posição de liderança em relação aos países emergentes, o país cresceu, a economia se desenvolveu. Tanta mudanças demandam alterações na legislação ambiental, para adequar o novo patamar de desenvolvimento alcançado com as questões relativas ao meio ambiente e sua preservação. É impossível continuar pensando somente no benefício do homem, deixando de lado o meio em que vivemos. 
Ponto principal das discussões, o desenvolvimento sustentável (termo que foi 'definido' durante a Eco-92) é o futuro das relações homem x natureza. Falar em sustentabilidade é muito mais do que falar em preservação ambiental. Ser sustentável é buscar o desenvolvimento através de mecanismos que não afetem a natureza e promovam, além da preservação desta, a recuperação daquilo que já foi degradado. Esse pensamento baseia-se na ideia de que com o meio ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu tempo de vida, a economia não se desenvolve e, sendo assim, o futuro fica insustentável. Já passou da hora de nós, humanos, começarmos a nos preocupar um pouco mais com nosso planeta, pois já é possível detectar os efeitos de nossa ação degradadora e desenfreada. Porém, infelizmente, a maioria esmagadora da população, só abrirá seus olhos para o problema no momento em que essas consequências de nossa irresponsabilidade as afetarem diretamente.
Atualmente, ocorreu no Brasil uma acontecimento que fere esta ideia do 'ser sustentável': a aprovação, com alguns vetos, do novo Código Florestal Brasileiro. O novo conjunto de leis prevê, dentre outras medidas, a anistia aos desmatadores e a redução da área de preservação da Amazônia, batendo de frente com a Lei dos Crimes Ambientais.
A Rio+20 é um novo suspiro de esperança para os ambientalistas e cidadãos comuns preocupados com o planeta. Espera-se que os Chefes de Estado tenham noção da responsabilidade que está depositada em suas mãos e tomem decisões que guiarão o pensamento eco-desenvolvimentista das próximas décadas. Ao mesmo tempo, cria-se um espaço para a participação ativa da população, seja através de protestos e manifestações públicas ou da movimentação de ONGs e painelistas, na batalha pela Terra. A natureza clama nossa piedade.



Informe-se:

Acompanhe os eventos pela internet:
http://www.tedxrio20.com/

domingo, 3 de junho de 2012

A Questão das Cotas

Fatos

Está semana a Universidade de São Paulo deu os primeiros passos rumo à adoção das cotas raciais em seu vestibular. Durante reunião realizada na última quinta-feira, a Congregação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco aprovou  uma recomendação ao Conselho Universitário da USP para que o sistema seja adotado.
Representantes do movimento negro participaram do encontro e expuseram os problemas decorrentes da exclusão racial. Atualmente, a USP adota um sistema de inclusão que, segundo estes representantes, não é o suficiente para promover a igualdade no acesso de negros e brancos à Universidade.
Grande parte das universidades públicas federais já adotam o sistema de cotas raciais, pois ele faz parte do conjunto de políticas públicas adotado pelo Governo Federal. Já nas universidades estaduais, priorizam-se as cotas sociais, que preveem o beneficiamento aos estudantes de escolas públicas. Dentre estas, a UNICAMP foi a pioneira ao adotar em 2005 o Paais (Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social) que prevê uma compensação nos pontos finais da nota para estudantes oriundos de escolas públicas, negros, pardos e indígenas.
Desde o mês passado, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o sistema de cotas raciais não fere a constituição, o movimento negro paulista pressiona as universidades paulistas para que adotem as cotas. A Frente Pró-Cotas Raciais congrega cerca de 70 organizações. No mês de maio também realizaram-se audiências públicas para discutir a opção das universidades por privilegiar as cotas sociais, e não as raciais.
O assunto fomentou discussões dentre os próprios estudantes destas universidades, como por exemplo os alunos da UNESP Bauru, que com apoio do Cacoff (Centro Acadêmico de Comunicação Florestan Fernandes) realizaram uma roda de discussão sobre o assunto. Porém o debate não se restringiu aos universitários e se expandiu para as redes sociais, com criação de enquetes e fóruns de discussão para discutir a adoção do sistema de cotas.
Segundo o Profº Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier, as cotas são um sistema importante, quando adotadas de forma adequada, para superar a desigualdade. "Hoje a universidade precisa desses segmentos sociais, pois esses grupos construíram um conhecimento fora da universidade e é imprescindível que se tenha acesso a ele. A universidade precisa desta pluralidade para ampliar seu espectro de conhecimento do ponto de vista da  extensão, da pesquisa e da gestão".


Opinião

A questão é muito delicada, e por isso merece especial atenção aqui no blog. A maioria das pessoas quando fala em cotas raciais prontamente afirma que "são um absurdo" ou "as cotas, por si só, são uma forma de preconceito". Eu confesso que era uma dessas pessoas, mas ao me aprofundar no tema (por interesse próprio e pelo dever de realizar um seminário na faculdade) percebi que há muito mais para se discutir sobre o assunto.
É um fato histórico que as minorias raciais, os afrodescentes e os indígenas, foram dominados e explorados pelos brancos europeus, e os reflexos disto ainda podem ser observados na sociedade atual. A desigualdade racial não pode (e nem deve!) ser ignorada, ela está presente e é visível. Tanto no âmbito profissional, como no universitário, o acesso destas minorias é muito inferior ao dos brancos.
É importante frisar que as cotas não são nenhuma novidade no Brasil, tendo sido a primeira delas criada pelo presidente Getúlio Vargas, em 1931, e ainda estando ainda hoje presente na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Porém, só se gerou polêmica quando os movimentos negros passaram a reivindicar o direito ao sistema.
Outro ponto que precisa ser lembrado é que as cotas não são o único tipo de políticas públicas e ações afirmativas adotadas para tentar superar essa desigualdade, elas são somente mais um destes mecanismos.
O principal argumento contra a adoção das cotas raciais é o de que somente as cotas sociais já seriam o suficiente para promover a igualdade, uma vez que existem negros e indígenas ricos e estudantes de escolas particulares. Entretanto, esta não é uma afirmação verdadeira. Pesquisas recentes do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelam que mesmo entre os pobres, os negros são maioria. Logo, negros ricos são a minoria da minoria. Muito pouco, não? Muito além de uma forma de compensação histórica, as cotas representam uma maior possibilidade de acesso a uma boa universidade para a uma minoria que na verdade é maioria. Pode parecer confuso, mas é muito simples! Segundo o ultimo censo do IBGE os negros e pardos já correspondem à 50,7% da população, enquanto a percentual de negros na universidade ainda corresponde a metade do de brancos (2,8% e 5,6%, respectivamente).
Não há motivos para que não se adote este tipo de cotas! Se a tantos anos a população é classificada racialmente, por que não utilizar essa classificação como algo positivo? Dados divulgados por universidades que já utilizam o sintema revelam que os alunos cotistas alcançaram o mesmo nível de desempenho de seus colegas e a própria universidade ganhou mais criatividade.
O julgamento favorável do STF traz esperança à população negra que, assim como qualquer outra, sonha em estudar e conseguir um diploma de uma universidade pública.






terça-feira, 10 de abril de 2012

A Questão da Igualdade de Gênero

Fato

   Na semana da mulher, foi proposto pelo Deputado Federal Marçal Filho o projeto de lei N° 6.393/2009, que acrescenta § 3º ao artigo 401 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), a fim de estabelecer multa para combater a diferença de remuneração verificada entre homens e mulheres no Brasil. Aprovado pela Comissão dos Direitos Humanos do Senado, o projeto não foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff, contrariando o que esperava seu autor; no dia 8 de março, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do Senado, assinou um requerimento encaminhando o projeto para Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
   A emenda gerou discussão na mídia após a publicação de um texto do colunista Ricardo Setti, da revista Veja, acusando o projeto de "burro e demagógico".
   Segunda a Agência Estado "O texto não faz referência a valores decorrentes da experiência do empregado e do tempo de serviço. Deixa ainda desprotegido o trabalhador homem que for contratado nas mesmas condições previstas para as mulheres por um salário menor. O texto foi aprovado em decisão terminativa na Comissão de Direitos Humanos (CDH) na última terça-feira e ainda está em fase de recebimento de recursos - de cinco dias - para ser considerada aprovado, sem ser votado no plenário.".


Opinião

   Historicamente desfavorecidas pela cultura machista vigente, as mulheres - principalmente à partir do século XX - lutam por seus direitos. Alguns avanços já aconteceram como, por exemplo, a conquista do direito ao voto, em 1932, e o aumento do ingresso feminino na universidade e no mercado de trabalho. Mas ainda há muito a ser discutido.
  Segundo o último censo do IBGE, o número de mulheres ultrapassa o de homens em mais 3,9 milhões de indivíduos. Embora sejam maioria, elas ainda recebem salários correspondentes a 70% do que os colegas homens que exercem a mesma função e tem o mesmo nível de instrução e experiência. Foi visando diminuir esta diferença que o Deputado Federal Marçal Filho propôs a emenda no artigo da CLT.
  O projeto proposto sugere uma alteração no artigo 401 da CLT impondo punições às corporações que usarem o gênero como critério de diferenciação para pagamento de salário. Em tese, é uma boa ideia, mas ainda há muitas falhas no texto, que tramita na Justiça desde 2009. Umas das correções sugeridas, diz respeito à apuração da diferenciação ocorrida ter realmente sido motivada pelo fator sexual, o que poderia dificultar o julgamento de processos. 
  Quanto a emenda na CLT, basta fazer uma pequena pesquisa na internet para descobrir que já existe um artigo semelhante ao que está sendo proposto na própria CLT.
Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: 
III – considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável determinante para fins de remuneração, formação profissional e oportunidades de ascensão profissional;
   Sendo assim, se a alteração for realmente feita, estabelecendo assim uma punição aos infratores da lei, deveria ser no artigo 373, e não no 401!
  Ao mesmo tempo em que é interessante observar que lentamente a temática dos direitos femininos e da igualdade está sendo discutida no plenário, é desanimador saber que o caminho a ser percorrido ainda é longo até que seja alcançada total isonomia. A sociedade brasileira, assim como a maioria das sociedades ao redor do mundo, é paternalista e, consequentemente, machista; o que torna difícil para as mulheres conquistar o seu espaço. As mulheres, que sempre foram vistas como donas de casa e destinadas a criar os filhos, se cansaram de ser sustentadas pelos maridos e decidiram também contribuir para a renda familiar; e elas tem todo o direito de querer trabalhar! Foi-se o tempo em que nós, mulheres, éramos subordinadas a nossos companheiros. A força feminina é tão grande quanto a masculina, e somos tão capazes quanto eles a desempenhar qualquer função. Por isso, não deveria haver diferenciação nos pagamentos, nem no tratamento destinado aos funcionários. Esta, infelizmente, é uma discussão que ainda vai demorar para terminar, pois ainda há muitos aspectos à serem tratados sobre este tema.



Sugestões


quinta-feira, 22 de março de 2012

Nota justificativa

   Após quase um mês de ausência, a equipe do blog julgou necessário dar uma explicação a seus leitores. O motivo desta pausa foi o início de nossas aulas na universidade. A adaptação à rotina e a grande quantidade de trabalhos, seminários, exercícios e textos marcados pelos professores têm tomado grande parte do nosso tempo produtivo. Porém, não se preocupem! Não abandonaremos o blog.
   Nas próximas semanas teremos novos posts, cujos temas já foram definidos. Além disto, daremos continuidade ao Projeto "Facebook Cultural EfAt". Fiquem atentos a nossas postagens no Facebook e no Twitter.

Equipe Efêmera Atualidade

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Eloá Pimentel

Fatos


   No dia 13/10/2008, Lindemberg Alves, com 22 à época, invadiu o apartamento da ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de apenas 15 anos, e motivado pelo ciúme a fez de refém juntamente com mais 3 amigos (Iago, Victor e Nayara) que lá se encontravam para realizar um trabalho de geografia. No mesmo dia, Lindemberg permitiu que os dois garotos saíssem do apartamento, mas continuou mantendo as duas meninas presas. Na manhã posterior, libertou Nayara, que voltou para lá no dia seguinte, para ajudar nas negociações.
   A imprensa logo começou a noticiar o caso, e várias emissoras mandaram suas equipes para o local. O sequestrador chegou a conceder entrevistas por telefone, e até mesmo afirmou que libertaria Eloá. Um promotor de Justiça esteve no local na sexta-feira (17) trazendo um documento que garantia a segurança de Lindemberg ao se entregar, o que, segundo o advogado do rapaz, era uma de suas exigências. Porém, devido a todo o tumulto gerado pela aglomeração de jornalistas e curiosos no local, a situação mudou. A polícia perdeu o controle da situação e, quando organizava uma coletiva de imprensa para falar sobre as negociações, foi ouvido um estrondo. Às 18h08, a PM afirmou que policiais que estavam em um apartamento ao lado do cativeiro ouviram um tiro disparado pelo seqüestrador, que teria sido o estrondo ouvido, mas sem confirmações. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) explodiu a porta e deteve Lindemberg. Nayara saiu andando do apartamento, enquanto Eloá, carregada, foi levada inconsciente para o hospital, onde foi decretada sua morte cerebral na noite do dia 18.
   Lindemberg foi preso e encaminhado à delegacia. Porém, seu julgamento realizou-se somente neste ano (2012). Levado a júri popular, o assassino confesso foi condenado a 98 anos e 10 meses de prisão, tendo que cumprir 30 anos (o máximo permitido pela legislação brasileira) em regime fechado.



Opinião


   É de conhecimento geral que a justiça brasileira só funciona para poucos, por isso não me surpreendeu a demora no julgamento de Lindemberg. Se por um lado esse tempo decorrido foi ser considerado prejudicial à eventual condenação, por outro pode ter evitado a tomada de uma decisão passional, pois nesses casos de grande repercussão, aumenta-se a responsabilidade do júri e do juiz encarregados do caso.
   A estratégia da equipe de defesa ficou clara desde o inicio: conseguir a pena por homicídio culposo (sem intenção de matar), menor do que a de um homicídio doloso (intencional); lesão corporal culposa e não tentativa de homicídio contra Nayara, e que ele fosse absolvido da acusação de cárcere contra os amigos de Eloá. No entanto, o que chamou mais a atenção durante o julgamento foi a advogada de defesa, Ana Lúcia Assad, que foi muito agressiva durante as audiências, chegando até mesmo a dizer que a juíza Milena Dias precisava "voltar a estudar". Sua conduta foi considerada exagerada e extremamente passional, e a ofensa à magistrada responsável pelo caso pode ter contribuído para a sentença final.
   Em seu depoimento, Lindemberg disse ter atirado contra Eloá sem a intenção de matar, por reflexo de um movimento brusco feito por ela, e ainda pediu desculpas à ex-sogra. Sua advogada tentou construir sua imagem como a de um rapaz trabalhador, honesto e ainda apaixonado por Eloá, o que - tendo em vista os desdobramentos do crime - foi considerado um desrespeito à família. Pela primeira vez em quatro anos, Lindemberg esboçou emoções, como no momento em que Ronicson Pimentel, irmão de Eloá e seu antigo amigo, chamou-o de monstro.
   Outro aspecto muito explorado pela defesa foi a 'culpa' da mídia no desfecho do caso. Segundo os advogados de Lindemberg e policias que participavam das negociações, a cobertura feita por diversas emissoras prejudicou a definição de um acordo. Segundo o sociológo e ex-comandante do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especias) Rodrigo Pimentel, a atuação dos jornalistas foi "irresponsável e criminosa", gerando nervosismo no sequestrador e ocasionando a perda de controle do mesmo. Em entrevista ao portal eletrônico Terra, Pimentel ainda disse que a falta de equipamentos policias (como camêras) e a reintrodução de Nayara no apartamento foram erros cruciais, deixando claro o despreparo da polícia brasileira para lidar com situações de risco como estas.
   Passados os três dias de julgamento e ouvidas todas as testemunhas, chegou-se ao veredicto: 98 anos e 10 meses de prisão. Porém, o máximo permitido pela Constituição são 30 anos de reclusão, dos quais já foram cumpridos 4. Sendo assim, daqui a 26 anos, Lindemberg estará livre, enquanto a família de Eloá continuará convivendo diariamente com sua falta. Isso é o que nós chamamos de justiça? Infelizmente nossa justiça dá margem a vários absurdos como este.


Sugestões

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Nota: Projeto "Facebook Cultural EfAt"


Qual melhor forma de fazer uma quebra na efemeridade e futilidade do cotidiano se não através da cultura? Levando isso em conta, nós (Isabela e Gabriel, Gabriel e Isabela) decidimos desbravar um novo afluente de nosso rio-projeto. Ocasionalmente, faremos publicações voltadas para o âmbito cultural - indicações e resenhas de filmes, livros, albúns musicais etc - em nosso perfil no Facebook.

 Além de proporcionar entretenimento, essa nova vertente visa manter vivo e constante contato com nossos leitores! Também faremos uso de enquetes como um mecanismo de avaliação das postagens e do blog em si.

A vocês, navegantes como nós, gostaríamos de fazer nossos mais sinceros agradecimentos, visto que estamos colhendo muito mais frutos do que imaginamos ao iniciar o Efemera Atualidade.

Os Editores