No dia 13/10/2008, Lindemberg Alves, com 22 à época, invadiu o apartamento da ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de apenas 15 anos, e motivado pelo ciúme a fez de refém juntamente com mais 3 amigos (Iago, Victor e Nayara) que lá se encontravam para realizar um trabalho de geografia. No mesmo dia, Lindemberg permitiu que os dois garotos saíssem do apartamento, mas continuou mantendo as duas meninas presas. Na manhã posterior, libertou Nayara, que voltou para lá no dia seguinte, para ajudar nas negociações.
A imprensa logo começou a noticiar o caso, e várias emissoras mandaram suas equipes para o local. O sequestrador chegou a conceder entrevistas por telefone, e até mesmo afirmou que libertaria Eloá. Um promotor de Justiça esteve no local na sexta-feira (17) trazendo um documento que garantia a segurança de Lindemberg ao se entregar, o que, segundo o advogado do rapaz, era uma de suas exigências. Porém, devido a todo o tumulto gerado pela aglomeração de jornalistas e curiosos no local, a situação mudou. A polícia perdeu o controle da situação e, quando organizava uma coletiva de imprensa para falar sobre as negociações, foi ouvido um estrondo. Às 18h08, a PM afirmou que policiais que estavam em um apartamento ao lado do cativeiro ouviram um tiro disparado pelo seqüestrador, que teria sido o estrondo ouvido, mas sem confirmações. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) explodiu a porta e deteve Lindemberg. Nayara saiu andando do apartamento, enquanto Eloá, carregada, foi levada inconsciente para o hospital, onde foi decretada sua morte cerebral na noite do dia 18.
Lindemberg foi preso e encaminhado à delegacia. Porém, seu julgamento realizou-se somente neste ano (2012). Levado a júri popular, o assassino confesso foi condenado a 98 anos e 10 meses de prisão, tendo que cumprir 30 anos (o máximo permitido pela legislação brasileira) em regime fechado.
Opinião
É de conhecimento geral que a justiça brasileira só funciona para poucos, por isso não me surpreendeu a demora no julgamento de Lindemberg. Se por um lado esse tempo decorrido foi ser considerado prejudicial à eventual condenação, por outro pode ter evitado a tomada de uma decisão passional, pois nesses casos de grande repercussão, aumenta-se a responsabilidade do júri e do juiz encarregados do caso.
A estratégia da equipe de defesa ficou clara desde o inicio: conseguir a pena por homicídio culposo (sem intenção de matar), menor do que a de um homicídio doloso (intencional); lesão corporal culposa e não tentativa de homicídio contra Nayara, e que ele fosse absolvido da acusação de cárcere contra os amigos de Eloá. No entanto, o que chamou mais a atenção durante o julgamento foi a advogada de defesa, Ana Lúcia Assad, que foi muito agressiva durante as audiências, chegando até mesmo a dizer que a juíza Milena Dias precisava "voltar a estudar". Sua conduta foi considerada exagerada e extremamente passional, e a ofensa à magistrada responsável pelo caso pode ter contribuído para a sentença final.
Em seu depoimento, Lindemberg disse ter atirado contra Eloá sem a intenção de matar, por reflexo de um movimento brusco feito por ela, e ainda pediu desculpas à ex-sogra. Sua advogada tentou construir sua imagem como a de um rapaz trabalhador, honesto e ainda apaixonado por Eloá, o que - tendo em vista os desdobramentos do crime - foi considerado um desrespeito à família. Pela primeira vez em quatro anos, Lindemberg esboçou emoções, como no momento em que Ronicson Pimentel, irmão de Eloá e seu antigo amigo, chamou-o de monstro.
Outro aspecto muito explorado pela defesa foi a 'culpa' da mídia no desfecho do caso. Segundo os advogados de Lindemberg e policias que participavam das negociações, a cobertura feita por diversas emissoras prejudicou a definição de um acordo. Segundo o sociológo e ex-comandante do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especias) Rodrigo Pimentel, a atuação dos jornalistas foi "irresponsável e criminosa", gerando nervosismo no sequestrador e ocasionando a perda de controle do mesmo. Em entrevista ao portal eletrônico Terra, Pimentel ainda disse que a falta de equipamentos policias (como camêras) e a reintrodução de Nayara no apartamento foram erros cruciais, deixando claro o despreparo da polícia brasileira para lidar com situações de risco como estas.
Outro aspecto muito explorado pela defesa foi a 'culpa' da mídia no desfecho do caso. Segundo os advogados de Lindemberg e policias que participavam das negociações, a cobertura feita por diversas emissoras prejudicou a definição de um acordo. Segundo o sociológo e ex-comandante do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especias) Rodrigo Pimentel, a atuação dos jornalistas foi "irresponsável e criminosa", gerando nervosismo no sequestrador e ocasionando a perda de controle do mesmo. Em entrevista ao portal eletrônico Terra, Pimentel ainda disse que a falta de equipamentos policias (como camêras) e a reintrodução de Nayara no apartamento foram erros cruciais, deixando claro o despreparo da polícia brasileira para lidar com situações de risco como estas.
Passados os três dias de julgamento e ouvidas todas as testemunhas, chegou-se ao veredicto: 98 anos e 10 meses de prisão. Porém, o máximo permitido pela Constituição são 30 anos de reclusão, dos quais já foram cumpridos 4. Sendo assim, daqui a 26 anos, Lindemberg estará livre, enquanto a família de Eloá continuará convivendo diariamente com sua falta. Isso é o que nós chamamos de justiça? Infelizmente nossa justiça dá margem a vários absurdos como este.
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